10 abril 2005

Nem assim

De nada adianta ligar o rádio, ouvir notícias catastróficas, crimes, mortes, guerras, furacões, acidentes. Sequer notícias boas.

Tampouco um CD suave, música clássica, heavy metal, rock pauleira, forró, MPB.

Televisão com filme legendado? Nem pensar. Programas populares? Nem assim. Talkies Shows? Imagine. Baixarias? Nada! Quem dera.

Sair com amigos, bater papo, tomar uma gelada, talvez ajude. Mas ainda assim, não dá.

Olhar o mar, sentir sua força, tentar serenar, acalmar, não pensar. Impossível.

Brigar com os filhos, gritar, espernear. Cozinhar, ler o jornal ou um bom livro, limpar o que já está limpo, trapacear, molhar as plantas, ir até a janela ver a banda passar. Qual!

Deitar numa rede e fazer nada. Isso sim, é que é piorar.

Ligar o computador, ler e-mails, responder os antigos, falar no ICQ, no Messenger, brigar com o Orkut, ler incontáveis blogs, rever as fotos nos álbuns virtuais e até mesmo nos reais. Irreal!

Brincar com os gatos, fazer bolinhas de papel e se cansar mais do que eles. Subir e descer escadas, correr pela casa. Arrumar gavetas. Cortar as unhas, hidratar os pés, depilar as pernas, lavar os cabelos, escrever - tanta coisa para fazer e nada vai ajudar.

Dormir? A mais impossível das missões. "Sonhar talvez?" ... Nem pensar.

Olhar o lindo dia de sol, ou a lua enorme no céu. E as estrelas? Que nada! Isto só faz piorar.

Pegar uma estrada, contratar um tagarela no carona... nem assim.

Não há nada.

Nada que possa fazer minha mente silenciar.

Mariazinha Cremasco