18 dezembro 2006

Sábado de sol, dia de ver papai noel de shopping.

Sábado foi a festa de confraternização da empresa do O. Em Itatiba, claro. E lá vamos nós as 11 da manhã pegar a estrada. Poderia ser tão agradável... mas o trânsito era tão intenso, mas tão intenso. O. não tem paciência em ficar esperando. Mudou da Bandeirantes radicalmente para a Fernão Dias. Mesma coisa. Lotadas. Demoramos hora e meia para chegar na estrada propriamente dita.
-São os pais que levam as crianças a ver papai noel de shopping.
E eu ouvindo música, aumentando o ar condicionado, tentando não me alterar.
-São os ... que levam os filhos pra ver papai noel de shopping.
Lá lá lá. Abstrai, Marieta. Abstrai. Olha o mapa, o carro anda, duas horas pra chegar, calor infernal.
-São os filhos da "mãe" que levam essas crianças insuportáveis para ver papai noel de shopping.
Na estrada quis parar para um xixi, uma água. Embora sendo perto, 90 km, sempre acredito que pegar uma estrada é passeio, e para caracterizar passeio, preciso parar, tomar água, fazer xixi, tomar um café. Ver gente, enfim.
-Olha quanta gente indo levar esses filhos da mãe pra ver papai noel em shopping. E vão todos pra SP. Não é a toa que tem congestionamento...
Bom, chegamos. E a festa foi normal. Politicamente correta, diria eu. Sem grandes altos e nem mesmo grandes baixos.
Lembrei tanto da Mary W. Só não tinha boi no rolete(só me faltava essa, né? O boi lá... Deus me livre). Do resto, tinha tudo. Tinha piscina e o que é pior: gente na piscina. Tinha homem sem camisa suado e mais: tinha dois cantores com um repertório pra lá de estranho. Um dos caras (tenho foto) resolveu cantar e fazer gestos adivinhem pra quem? Pra mim, claro. Disfarcei e pensei: claro que não é comigo. Mas era comigo. Ai, que eu mereço. Ele cantava, desenhava coração no ar e mandava pra mim. Fiquei roxa de vergonha, principalmente quando começaram a comentar.
Voltamos cedo. Dei a desculpa que tinha que me preparar para o casamento de domingo de manhã, (verdade) que tinha cabeleireiro (mentira) etc e tal.
Estrada vazia, tranquila. Quando chegamos em São Paulo, o mesmo deredungue de sempre. Muito trânsito. "São os caipiras que vem trazer os filhos pra ver papai noel de shopping".
Pá! Bandeirantes com Barão de Jaceguai. O rapaz estava perdido, procurando pela Av Ibirapuera quando a mulher dele gritou: "-vira à direita-" Ele virou com tudo e acertou a gente. Foi uma batida feia, que poderia ter sido muito pior se O. não tivesse tido reflexo rápido e virado todo o volante para a direita.
A placa do carro (novinho) era de Jundiaí. Adivinhem onde ele tava indo? Levar o sobrinho de 8 anos para ver papai noel de shopping.

Bom humor à parte, poderia ter sido trágico. Do jeito que o cara entrou, O. poderia tê-lo pego bem no meio e a moça poderia ter se machucado feio. Mas também do jeito que O. virou o volante, a batida foi menor (e mesmo assim o estrago foi grande nos dois carros), mas poderíamos ter entrado (e foi por pouco) naqueles quiosques que tem na Bandeirantes que vendem filhotes de cães, sabe? Pois é. Por pouco. Foi um grande susto.

E quando o cara desceu do carro eu quase me molho toda. Era um cara grande, de grandes braços, sarado, bombado, não sei como se fala. Sabe? Mas o cara era boa gente. O. gritou, brigou, gesticulou, e as madames que estavam comprando cãezinhos (uma tava dando 3 cheques por um chow-chow) ficaram indignadas. Até aí tudo bem. Mas daí a colocar fogo para que O. brigasse com o cara, também é demais, né? Ambos nervosos, O. muito bravo, o rapaz desce pedindo desculpas, assumindo o erro, tentando contornar (ele acionou o seguro dele, que cobre terceiros) e a mulher falando e pondo fogo? Quer ajudar? Mas não assim, madame...

(ela foi preconceituosa chamando o rapaz de "badboy" e eu estou sendo preconceituosa em chamá-la de "madame" só porque ela estava comprando um cão. É que não confio em gente que compra bichos.

Depois, calmos, O. disse pra mim:
-O cara tava levando o sobrinho para ver papai noel de shopping! Eu ainda morro pela minha língua!

2 Comments:

At 18/12/06 20:32, Blogger Vera Vilela said...

Humpft!
Quando O. quiser dar uma de peixe (que morre pela boca) que vá sozinho. Cáspita. #$%@!

 
At 18/12/06 23:01, Anonymous Anônimo said...

Adorei o relato.
Adoro essas frases do O.
Vou começar a compilá-las.
1) Não é à tôa q a Cidinha Campos largou o Manuel Carlos (é esse o nome do cara?)
2) É gente levando criança pra ver papai noel de shopping.
3) ???
Bom, no seu relato vc falou da Barão de Jaceguai e me lembrou n ahora de uma frase que meu pai adorava falar quando estava alegre e fazendo planos de viajar. É tão nonsense, que acho o máximo até hoje:
"Me voy a Paraguay pela Rua Jaceguay".

Lamento a batida, mas a valeu pela crônica!

bjs,

 

Postar um comentário

<< Home