A vida é filme

Ela escreveu:

No sábado fui dar um rolê com ela pra ver umas coisinhas. Andamos que nem dois camelos no deserto. Esse sol ninguém merece. Sorte que shopping tem ar-condicionado, né? Mas tudo está sempre lotado. Cheio de gente escrota, que é pra eu ficar contente. Eu nem me importo se você é escroto, desde que não encha o meu saco. O fato é que eu estava andando em linha reta, o corredor afunilou e alguém esbarrou em mim ou eu esbarrei em alguém. Sempre peço perdão, independente de quem é o culpado. Mania, sei lá. Pedi desculpas, a mulher foi muito antipática e eu, claro, fiquei com raiva “pedi desculpas, viu?”. O homem que estava com ela só faltou arrancar a peixeira da cintura e gritou “passa logo, tromba nos outros e ainda enche o saco”. E eu “cala-a-boca-seu-mal-educado-vai-se-danar". E continuei “mal-educada-mal-educada-mal-educada”. Nem pensei pra falar. Saiu da minha boca sem que eu pudesse controlar, como nas cenas do Jim Carrey em “O Mentiroso”. Na verdade me senti como o Michael Douglas em “Um dia de Fúria”.
Tô nesse nível, minha gente.

Tem mulher que acha que é um ser superior só porque está com o homem ao lado. Grande bosta. E tem homem que acha que gritando pode intimidar uma mulher. Imbecil.
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E eu digo aqui que fui testemunha da cena. A cara de antipatia da mulher e a cara de sebo do homem (que realmente quase tirou a peixeira, hahaha) eram de indignar.
Até eu me meti e não sei de onde tirei a frase, medindo-os da cabeça aos pés:
-Que cara de réus!