Meu Reveillon foi um fiasco, mas não fiquei infeliz. Fiquei sozinha, vendo Chiquinha Gonzaga. Lindinha foi dormir cedo, ela não aguenta. O. foi dormir as 23, os meninos foram pras festas de amigos, Bru estava na Europa, como contei.
Meus dias têm sido monótonos. Não tenho vontade de fazer nada. Faço tudo, mas sem vontade.
Penso na praia, me dá "gastura", penso em programas outros, me dá aflição. Quero ficar aqui e aqui não estou bem. Vai entender.
Não sei, há quem diga que o luto é assim mesmo. Pode ser.
Hoje, minha mãe está particularmente triste. Saquei (primeiro foi o Bruno a notar) a voz dela por telefone.
Me vesti e fui até lá. Chorosa, ela dizia que há exatos 4 meses, ela estava passeando com meu pai, fazendo compras de docinhos, andando de metrô. Pra falecer no dia seguinte.
Tentei não chorar, enquanto ela falava do quanto se sentia mal por não ter perguntado a ele, naquela hora final, o que ele sentia. Disse que ele pediu água, ela deu, e não fez perguntas. Aí, eu cheguei, ele entrou pra tomografia (fui até a porta com ele) e já não o vimos mais com vida.
E ela hoje está inconsolável, por não ter perguntado: -o que você tá sentindo, Mário?
Conversamos, choramos juntas e estamos seguindo em frente.
Os evangélicos dizem que não se deve rezar para os mortos. Que eles não precisam de oração.
Os católicos dizem que devemos, sim, orar por eles. E acreditar na vida eterna.
Já os espíritas dizem que chorar faz mal pra quem partiu. Atrapalha.
Não sou espírita, mas não quero perturbar a paz do meu pai. Eu rezo pra ele, sim. Ofereço Pai Nosso e Ave Maria, junto com meu amor e meu carinho. Digo pra ele que estou oferecendo o que tenho de melhor: minha oração e meu carinho.
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