25 agosto 2006

Alforria


Alforria
Emília Casas

Homens de mim foram donos:
Pai, marido, filho , amante
Já despertei do mau sono:
De mim sou dona o bastante

Hoje caminho sem pressa
Com sorriso descansado
O olhar só de preguiça
Demorado como missa,
Mas cheinho de pecado

E assim, cheia de graça,
Sem ser a Virgem Maria
Mostro ao homem que passa
Minha carta de alforria

Não crê e diz que me quer
(Aí começa seu drama)
De forno e fogão mulher
Mas já sou de mesa e cama

Caiam todos botões
Fiquem calças sem bainha
Guarde todos seus perdões
Pra outra falsa rainha

Sou mulher...isso me basta
Sem rei, sem cetro e nome
Nunca mais santa e casta
Com sede de amor e fome

Só quem escuta a lua
Meu gozo gemido escuta
E assim, só pêlo, nua

Minhas carícias esbanjo
Me entregando toda puta
Pra quem me enxerga só anjo!

3 Comments:

At 25/8/06 03:39, Blogger Bianca Marchezano said...

sen-sa-cio-nal!

 
At 25/8/06 23:11, Blogger Vera Vilela said...

UAUUUUUUUUUUUUUUUUUU
(pra rimar com sensacional)

 
At 25/8/06 23:29, Blogger parla marieta said...

essa poesia é TUDO!

 

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