Ontem saí com meus pais e na volta mandei email pros meus filhos, contando como foi a tarde. Como eles gostaram muito do meu relato, posto aqui.

Estou mais cansada que sovaco de aleijado.
Hoje fui com o vô e a vó ao Supermercado. Uns amores, mas que amores incansáveis, Deus me livre e guarde. Eles não se cansam jamais.
Ele pega o carrinho do supermercado e zarpa pra direita.
Ela pega outro carrinho e zarpa pra esquerda.
Ambos munidos de uma lista.
A dela sempre demora mais, pq ela vai nos frios, no açougue, nos gelados e na padaria.
Ele vai nos secos, enlatados e bebidas.
Ambos se encontram e no hortifruti.
E discutem. Meu pai quer o melhor tomate, o mais caro. Minha mãe quer o tomate mais barato, afinal, é só pra fazer vinagrete mesmo...
E eu me mato de rir. E aí estamos indo pro caixa com dois carrinhos; ele se lembra que esqueceu de pegar carvão e nos manda ir no caixa tal que ele já vai. Nós duas nos entretemos na prateleira de shampoos. De repente, em menos de um minuto, um grito do vô Mário, seguido de mãozinhas pra cima, abanando e chamando... ÔÔÔÔÔ.... caramba. Bora, suas molengas.
Ele não se acanha, grita mesmo.
E começa a passar a mercadoria na esteira numa velocidade incrível. Vem um garoto pra ajudar a empacotar e ele pergunta pro garoto se é o primeiro dia dele no supermercado. O garoto responde que não. -Pô, mas você é mole, heim?- E tira o saco da mão do garoto e continua enfiando coisas e jogando literalmente nos carrinhos. Depois de tudo pronto e pago, eu cansada feito uma moura, (mas eles lindos, aparentando terem saído do banho) descemos a rampa do supermercado.
Eu com o carrinho menos pesado, meu pai com o carrinho MAIS pesado (maldita teimosia).
Eu mal posso segurar o peso do carrinho na descida, mas ele... ah... ele desce de boa. Manquitolando, capengando, claudicando, mas desce.
Depois, pra não fugir aos costumes "joga" tudo no portamalas do carro.
Do Supermercado, vamos ao açougue em que encomendamos as carnes para o churrasco de amanhã. Paro no estacionamento, ele abre a porta antes do carro parar completamente e tenta descer. Juro que de agora em diante, ando com eles de porta travada. Ele brinca com as pessoas do estacionamento, e dentro do açougue só faltam pegá-lo no colo. Como eles são queridos na cidade, vejo sempre isso, mas continuo me surpreendendo com a popularidade dos dois.
Voltamos pra casa deles, descarregamos o carro. Maior canseira. Eu saio de lá deixando tudo sobre a mesa, e ambos ficam, na maior paz, etiquetando todos os produtos comprados (sim, meu pai escreve a data de compra em TODOS os produtos) e colocando em ordem nas prateleiras da despensa. São organizadíssimos.
Eles lá, felizes da vida na sua rotina e eu voltando para casa, mooooorta de cansaço.
Esses são meus pais: Mario, 81 e Linda 75. Lindos da minha vida.