Adeusinho
Lavei todas as suas camisas, esfregando pacientemente os colarinhos encardidos.
As calças, passadas com vinco, estão no lugar de sempre.
Congelei canja e lasanha.
Leite em caixa não há de falatar tão cedo.
Temos direito a um refrigerante de dois litros na pizzaria, não se esqueça disso.
Não se esqueça de mim.
Um envelope de contas dorme na máquina de costura, espetado de agulhas, feito vodu.
Aliás, há muito para vencer nos próximos dias.
Cuidado. Agora que eu tomei os remédios, qualquer coisa pode me derrubar.
Vou deitar pra sempre. Deixo-me trocada pra tudo que for necessário. Sempre gostei desse vestido. Já era mesmo hora de usar.
Não sei se tenho de pedir desculpas.
O último a sair que deixe a luz acesa. A gente nunca sabe.
Fernando Bonassi
4 Comments:
Que triste...
Poxa vida...
Putz, não consigo gostar do Bonassi... Acho que ele se gosta suficiente pelo resto do mundo - deve ser isso.
A-D-O-R-E-I!!!
Caramba, fiquei deprimida!Beijos.
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