Mario e Linda

Chegaram aqui em casa hoje às 8:50 da manhã. Vieram visitar a Frida, pode? Minha mãe está apaixonada por ela. Quem não fica? Ela a chama de (so)frida, tadinha.
Não ficaram nem uma hora aqui, os fogo-no-rabo. Meu pai não para mesmo. Enrolei o quanto pude, mas não teve jeito, então decidi levá-los. Em princípio, seu Mario não queria aceitar, queria ir de busão, mas no final topou. Fomos numa farmácia de manipulação, fazer o remédio da Linda e fomos numa farmácia "normal" comprar o remédio dele.
Ele vem todo risonho dizendo que o remédio era barato e tal. Imagine, 17 reais por 100 comprimidos. Nossa! Milagre um remédio barato.
Aí ele falou que um velho como ele, nem precisaria comprar tanto remédio, porque a qualquer hora morre e o remédio fica todo aí. Eu contestei, claro. - Como você, pai, fica falando essas coisas? Imagine, não tem que pensar assim. - Foi quando a minha mãe disse:
-Filha, nós estamos no final da vida. Temos que ser realistas. *
Não gostei do papo, fiquei mal. Ela pode até ter razão, mas poxa... eles estão tão bem, tão lindos, tão cheios de energia, apesar dos poréns, sabe como é? Mas o que me deixou mal foi o fato de saber que eles pensam, sim, e com frequência, que estão no final de suas vidas.
E isso me dá uma angústia...

*Quem é que pode saber que está no final da vida? A morte não tem leis. Não tem ordem, não tem cronologia.

**Falando nisso, hoje faz 2 anos que o Roger, filho da Cema se foi. Tá vendo? Jovenzinho... saudades...