Texto de um amigo
Li, gostei, pedi, ele me deu. Obrigada, Beto Carmo.
Uma vida num momento
Vendo avançar a idade, com tantos sonhos ainda por cumprir, parece não terem os deuses outra escolha a não ser derramá-los todos à minha frente, como um armário de querências tão maior quando mais anarquista tiver sido. E a armário derrubado não se olha os presentes.
Nada dentro de padrões moldados, nada fácil, nada parecido, nada mastigado. Apenas um monte de emoções embrulhadas para viagem, que n’algum dia do meu passado – de criança ou aborrecente – pintei e embalei carinhosamente. Queria ser diferente!
E no correr da maturidade, por obrigação, ou por falta de vontade, derramamos sobre elas tantas incertezas e descrenças, tanto comodismo ou desilusão, que acabaram cobertas por um âmbar duro, mas transparente, onde ainda podemos vê-las, mas chegar lá... só firme, corajosa, sonhadora, impetuosa e insistentemente.
Momentos há em que me reduzo à minh’alma e pouco mais – nem cara bonita, nem trejeitos modernos, nem perspectivas de deitar numa rede à espera da aposentadoria – quero vida intensa todo dia! Um fenômeno químico de oxirredução, onde deixo decantar o que existe em mim de mais faminto. E me pergunto, embriagado de absinto: - como me deixei chegar até aqui com tanta fome?
Na busca da calma, toureio meus instintos como posso. Tenho que confiar no meu taco, ou tudo que aprendi não passou de falácia, de um boato que alguém me soprou na placenta ainda.
E, mesmo que depois seja imprescindível chorar, como disse aquele Passarim Brasileiro Jobim, não abro mão de nada, quero cada pedacim dessa vida de riscos, tim-tim por tim-tim.
Na luta entre instinto, neurônios, coronárias e labirintos, jogo meus dados ao infinito. Sou teimoso, um dia petisco!
Beto Carmo
25/09/2010
Marcadores: De Beto Carmo para Vera, texto de presente.
1 Comments:
Beijos, Mariinha! Toda alegria pra você.
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