31 março 2005

Envelhecer

Velha, sim.
Antiga, jamais!

O amor não é louco!

"Sabe muito bem o que faz,
e nunca age sem motivo.
Loucos somos nós,
que insistimos em querer
entendê-lo no plano da razão"

Essa menina...

É uma garota muito legal, e marota:
Rachel

É hoje!

Colação de grau do Caio.
Meu caçula é engenheiro, e será o jurador da solenidade.
Estranho falar jurador, né? É assim que está no convite.
Jurador.
Ele fará o juramento do engenheiro.
Olho para o convite e choro.
Olho para o nome dele lá, e choro.
Olho para a foto da turma, e choro.
Quando não choro, fico arrepiada.
Quem aguenta as mães?
Bom, acho que vou dormir.
Quero estar muito bem amanhã.
Afinal, é o meu último filho a se formar.
Meu caçula.
Meu Caio.
Meu bebezão.

Susto!


Tenho andado cansada demais.
Preciso ver o que é isso.
Ontem levei um susto tão grande quando o Caio chegou em casa (meia noite e vinte), que me deu dor no peito e está doendo até agora.
Estou com medo dessa dor chata. (cagaço, como diria minha avó)
Fui abrir os portões, para trocar a posição dos carros, uma vez que quartas ele tem rodízio e sai cedinho com meu carro.
Pois bem.
Com todo o medo que tenho, não sei o que me deu. Desliguei totalmente e saí pra fora de casa toda lépida, como se fosse dez horas da manhã.
Aparece na minha frente um cara alto, forte, careca, feio, de macacão cor de laranja, sem camiseta por baixo, braços enormes de fora. Estranhíssimo.
Dei um pulo e não contive um:
-Ai, que susto!
-Susto por que, moça? De mim? De nós?
Foi aí que percebi que do lado dele havia uma moça e uma criança.
Eles estavam entregando panfletinhos de pizzaria.
-Não, não estou com medo do senhor. É que, sabe como é, é tão tarde... (eu com o c.. na mão), meu filho está chegando...
(e o Caio que tinha ligado avisando estar pertinho, não aparecia)
-Fique tranquila, moça. Essa é a hora que nos resta para fazer panfletagem.
-Ah, tudo bem. Desculpe.
-Não, a senhora tem razão. Hoje em dia não se está seguro em parte alguma.
A mulher e a criança, colocando os panfletinhos da pizzaria nos portões vizinhos.
-Ah, meu filho chegou.
-Que bom, moça (ainda me chamava de moça). Deus a abençõe.
-Amém. Desculpe ter me assustado com você?
E ele nem ouviu, saiu parecendo alegre e em menos de um minuto estava no fim da rua.
Caio chegou, olhou com ares de "o que tá acontecendo aqui", mas ficou aliviado ao ver que não era nada demais. Ele também já passou alguns apertos.
Entramos,e eu comecei a falar como uma matraca (que novidade) até o Caio me pegar nos ombros e dizer:
-Ô! Psiu! Pára, mãe. Calma. Tome uma água. Você está elétrica. Relaxe.
É isso aí. Essa sou eu.
Fiquei assustada.
Depois fiquei com remorso por estar assustada.
Depois ainda pensei no homem que fazia aquele trabalho com a família, àquela hora da noite.
Ele parecia feliz.
E eu, com medo dele. Que horrível. Me senti péssima.
Eu sou assim. Na hora, não me contenho. Mas depois, fico MUITAS horas pensando no acontecido.
E minha imaginação vai, vai, vai...
E a dor no peito, continua.

Ouvi a mesma frase em menos de 24 horas, de duas pessoas diferentes.
(diferentes pero no mucho. Ambas do sexo feminino):
-Sacanagem fazer um baile de formatura depois da Páscoa!
Parece engraçado, né?
Mas eu pude compreendê-las.
Muita comida, muito chocolate, feriado prolongado, viagens.
E uma semana depois, baile de formatura.
Calor!
Como entrar no pretinho básico, com tanta caloria a mais?
Uma vai deixar os cabelos soltos para cobrir os braços.
Outra vai fingir que é magra (essa tá mais certa, quá quá quá)
E eu, onde entro?
Nem vou contar, que não sou boba.
Mas VAI TER QUE SERVIR! Ah, se vai...

Ai, ai, viu?

Quem não tem o que fazer, faz colher de pau e pinta o cabo!
frase preferida da minha avó paterna.
Eu me pergunto então: por que não vão fazer colher de pau e pintar o cabo, no lugar de me encher a paciência? heim?

30 março 2005

Presença de Anita

"Fechar ao mal de amor nossa alma adormecida
é dormir sem sonhar, é viver sem ter vida...
Ter, a um sonho de amor, o coração sujeito
é o mesmo que cravar uma faca no peito.
Esta vida é um punhal com dois gumes fatais:
não amar é sofrer; amar é sofrer mais
"!

(Menotti Del Picchia)

Para terminar...

Estava aqui pensando na poesia que postei para a minha mãe.
Vou dizer os versos que são mais a cara dela, e o que mais me encanta.
Por fora, óculos;
algumas rugas,
prata no cabelo.
não me derrota a dificuldade;
não me demoro padecente
.
Mainha é muito mais que isso. Linda enfrenta toda e qualquer dificuldade.
Não teme.
Confia.
Não se lamenta.
Não lastima.
É uma super companheira.
Não é à toa que meu pai até hoje canta para ela.
Não é à toa, que até hoje meu pai diz de boca cheia que a ama.
Não é à toa, que eles estão casados há 52 anos.
Eu falo sem medo de errar.
Minha mãe é uma fortaleza.
Por trás da aparência frágil, há uma grande mulher.
Uma mulher que ensina com palavras simples.
Uma mulher que ama e que mostra seu amor.
Das qualidades de minha mãe, a que mais admiro é a força.
Ela enfrenta bravamente tudo o que a vida lhe impõe.
Mas ela também sabe aproveitar cada pequena coisa que a vida lhe dá.
De pequenas alegrias, faz grandes acontecimentos.
Da simplicidade, faz o bem viver.
Do amor, faz o sorriso.
Sorriso sempre no rosto bonito de senhorinha que é.
Essa é Linda. Dona Olinda, minha MÃE

29 março 2005

Ah...

70, faz a menina Linda.
70 anos.
Temos que comemorar ou não?
70 anos de sabedoria e dedicação.
Umas brabezas de vez em quando.
Mas que mulher! Que mulherão.
Forte, aparentando frágil.
Ela me encanta, me espanta e me alegra.

Linda, linda...

Hoje é aniversário da minha mãe.
Dona Linda.
Dona Olinda.
Minha Linda.
Daqui a pouco, vou almoçar com ela, meu pai e meu irmão.
Na volta conto como foi o sorriso de criança que ela tem.
Por hora, uma pequena homenagem.
Não foi escrita por mim, mas é acara da dona Linda.

Dentro e Fora

(Luan Jessan)


Por fora
tenho tantos anos
que quase nem acredito.
Por dentro, doze ou menos,
e me acho mais bonito.
Por fora, óculos;
algumas rugas,
entradas,
prata no cabelo.
Por dentro sou dourado.
Coração imaculado,
corpo sem pelos.
Por fora,
em aluviões,
batem paixões,
contra o peito.
Por dentro,
sem me tocar,
vivo a brincar, sem jeito:
não me derrota a dificuldade;
não me deprime a saudade;
não me demoro padecente.
(Porque sou meio palhaço
e brincadeiras faço
continuamente.)
E é por viver contente
que concluo sem demora:
é a menina
que vive por dentro,
que alegra
a mulher de fora !

28 março 2005

A bárbara Bárbara Helena

Ela me telefonou.
Diretamente do Rio de Janeiro, no feriado.
Que alegria falar com essa mulher, que amo como irmã.
Que grande amiga ela é.
Costumo dizer que foi uma das melhores coisas que me aconteceram nos últimos tempos: (e pensar que eu tinha medo de falar com ela, de mandar emails. Ela me intimidava. tontolona que sou)
Hoje somos mais que amigas.
Impossível falar pouco.
Chegamos a dar nós nos dedos, quando estamos no icq.
Somos capazes de bronzear a língua e os dentes, se nos sentarmos ao sol para falar.
Ao telefone então, é um perigo.
Las lênguas bronzeatas.
Somos insensatas demais. Amamos demais.
Ela é a Mhel. A minha amiga Merrel. La mia sorella.
Ela é Maria Helena Bandeira

27 março 2005

Otto Lara Rezende


"Uma criança vê o que um adulto não vê. Tem olhos atentos e limpos para o espetáculo do mundo. O poeta é capaz de ver pela primeira vez o que de tão visto ninguém vê. Há pai que nunca viu o próprio filho. Marido que nunca viu a própria mulher. Isso exige às pampas. Nossos olhos se gastam no dia-a-dia, opacos.

É por aí que se instala no coração o monstro da indiferença".

(Vista cansada)

Bonitinho

Caio ligou da rua (foi passar o feriadão no Rio de Janeiro), dizendo para eu ir até o quarto dele, e abrir a última porta do armário. Surpresa para mim, para o pai e para o Felipe.
Fomos lá.
Tinha uma folha de papel:

Mãe: Talento
Pai: Especialidades
Felipe: Alpino
(não necessariamente nessa ordem)
Beijos
Caio.


Achei carinhoso. Achei legal.
O filho dando ovos de Páscoa para os pais e irmão.
Legal.

Não é proibido ficar triste, chorar, odiar, praguejar.

Nem ficar alegre com suas azuis consequências.

Enfim, não é proibido ser humano.

Sylvia Manzano

26 março 2005

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

25 março 2005

Solidão...

O maior chato é aquele que além de não lhe fazer companhia, ainda lhe rouba a solidão

Ô. dó!

Dois dos meus meninos estão no Rio de Janeiro.
Li no blog dela o seguinte:
Sexta-feira da paixão. Chove sem parar, nem acredito que estou usando uma roupa quente e meias.
Claro que não acreditei. Afinal, Marina é exagerada. Onde já se viu, usar meias de lã em pleno março no Rio de Janeiro?
Mas agora, um dos meninos ligou. Outro mandou torpedo.. Chove mesmo. E está friozinho.
Não para meias e roupa de frio, mas...
Chove, chove e chove.
Ô, dó!
Meus beijos para
Bruno, Liriri, Márcia, Rodrigo, Caio e Rita

Madrugada...


Gosto e preciso de ti
Mas quero logo explicar
Não gosto porque preciso
Preciso sim, por gostar
(Mario Lago)

A "saia" justa

-Oi, e aí? Falou com meu tio?
-Falei.
-E ele?
-Não topou.
-Por que?
-Ah, disse que não tá afim de sair de casa.
-Insista, por favor. Pela minha mãe. Já comprei o bacalhau.
-Já insisti, não adianta. Ele não quer ir mesmo. Você sabe como é o seu tio.
-Puxa, que chato. (...longo silêncio)
-Bom, e se eu e minha mãe formos almoçar na sua casa?
(eu não acredito que ela fez isso comigo. Eu não acredito que ele fez isso comigo.
-Bom... desculpe a franqueza, mas acho que não vai dar certo.
-Pôxa, mas eu levo o almoço, eu levo o bacalhau.
-Cê não tá entendendo. Comida é o de menos. Quem cozinha pra cinco, cozinha pra sete.
-Então o que é? Posso almoçar na sua casa na sexta-feira Santa ou não?
-Desculpe novamente, mas não vai dar. Vai ficar pior a emenda que o soneto. Seu tio não quer companhia, acho. (que dificuldade, meu Deus. Como explicar?)
-Eu não acredito.
-Espera, vou passar o telefone e você fala com ele.
-Não, não, não. Acho que você tem razão. Se ele não quer vir aqui, também não devemos ir aí.
-Sinto muito.
-Ah, eu entendo. Sei como ele é.
(...final do telefonema)

Se sabe como é, por que me deixar nessa saia justa?
Ora! Família! GRRRRRRRRRRR

O convite



-Sua sobrinha ligou.
-Ah, é? E o que ela queria? - irônico - Provavelmente algo altamente do meu interesse.
-Bom, dessa vez parece que sim. Ou não, sei lá. Ela convidou a mim e à você para comer uma bacalhoada na casa dela na sexta-feira Santa.
-Não vou!
-Mas ela insistiu, disse que sua irmã está com muita saudade e faz questão que você vá almoçar lá.
-Não quero ir!
-Mas somos só nós dois e elas duas. Ninguém mais vai.
-Não!
-Mas eu quero ir!
-Vá, oras.
-Não vou sem você. A irmã é sua. Ela vai ficar decepcionada se eu for sem você. O que digo a ela?
-Diga que eu não aceitei o convite.
-Então tá.

23 março 2005

Leminski pra qualquer momento.

-- que tudo se foda,
disse ela,
e se fodeu toda



Paulo Leminski

Brega, brega, brega. Mas eu gosto.

De uma coisa fique certo, amor
A porta vai estar sempre aberta, amor
O meu olhar vai dar uma festa, amor
Na hora que você chegar

Tomar

Conheci dois portugueses (não é piada, é verdade) Antonio e Jorge,(vocês pensaram que eu ia dizer Manoel e Joaquim, né?) em uma viagem que fiz para Isla Marguerita, na Venezuela.
Passamos a maior parte do tempo juntos. Havia muito turista europeu, e eles além de serem muito simpáticos, falavam a nossa língua.
Numa tarde, conversando à beira da piscina, falando das diferenças do português de Portugal e do português do Brasil, Antonio disse: (leiam com sotaque português, por favor)
-Ó Maria, eu não sei que raios vocês falam tanto em tomar.
Em portugal, tomamos café, tomamos água, etc. Já vocês brasileiros, "tomam" banho, "tomam" ônibus, "tomam" bronca e até "tomam" no cu.

Quase morri de rir. E é verdade. Lá, "toma-se" apenas líquidos. Banham-se, apanham o ônibus, levam bronca, etc...
Fala a verdade: foi engraçado, né?

22 março 2005

Comigo é assim

Aprendi a Linkar.
Então coloquei uma musiquinha pra cada uma delas.
Porque, comigo é assim: quero fazer tudo na hora.
Ficou estranho, mas foi assim que aprendi.
Os versos tem a ver com elas, sim.
Agora, chega.
Vou linkar só quando tiver assunto, vá bene?
Como parla, a Marieta.

Cristina

Ando devagar porque já tive pressa
E levo esse sorriso porque já chorei demais
Hoje me sinto mais forte, mais feliz, quem sabe

Olha ela aí!
Krika

Adriana

Quem sonha contigo molha a cama
Quem te ama dorme à sombra de um vulcão


Ei-la:
Marina W

Regina de Londra


Esse trecho é a cara dela


Quero toda sua boca castidade

Quero toda sua louca liberdade

Quero toda essa vontade

De passar dos meus limites


E ir além

Márcia


Quero sua alegria escandalosa

Vitoriosa por não ter

Vergonha de aprender como se goza

Márcia

Para a Lilibeth


Quero sua risada mais gostosa

Esse seu jeito de achar

Que a vida pode ser maravilhosa

Foi ela! Foi ela!

Foi ela quem me ensinou a blogar
Lenir
bem feito pro ceis.
Minha doce amiga do Espelho meu.
Parece que a conheço desde sempre

Ra ra rá. O Caio se deu mal logo cedo.

Eu acordei às seis, tomei um banho rápido, peguei minhas coisas e abri a porta exatamente às seis e vinte. E eis que surge a Clarinha e passa por mim que nem uma bala! Não adiantou chamar, chorar e implorar: a vadiazinha se enfiou no meio do jardim e eu não conseguia pegar de jeito nenhum. Ninguém merece ficar de roupa social de joelho na garagem procurando gato debaixo dos carros às seis da manhã... bom, depois de 15 minutos de luta eu consegui botar a gata pra dentro, e vim pra cá.

21 março 2005

Roseli, Rorará, Sharon:

Hoje é aniversário da minha amiga e Anjo de Prata, Roseli.
Feliz aniversário, Rorará.
Você é muito especial.
Sou sua fã, lembra?
Desde o dia em que nos conhecemos no Fran'z Café da Rua dos Pinheiros, e ficamos cinco horas (eu disse CINCO HORAS) batendo papo
Muitos beijos,bella.

Ai, que gostoso.

Clarinha dorme do lado do micro.
Dorme e ronrona alto. (obrigado Rita e Caio, que acharam essa doçura pra mim)
Que coisa boa ter um gato bebê em casa.
Que coisa boa ter também a Isabel e o Leopoldo que agora, nesse momento, dormem sobre a garagem.
Cenas dignas de foto.
Clara, do meu lado, no micro. (depois de ter brincado incansavelmente com o mouse e com as letrinhas da tela)
Léo e Isabel numa paisagem perfeita
Lembrete: comprar uma digital só para mim.

20 março 2005

Colação, Coração.


Colação de grau na Unicamp.
Colação de grau do meu filho do meio.
Meu biólogo. Meu Felipe.
Que digam que é brega, mas eu amei ver a foto dele no telão, quando bebezinho. A musica preferida ao fundo.
Se ser brega é chorar de emoção, ter orgulho, sou brega, então.
Ver os três filhos juntos, abraçados, sendo que um de beca, chapéu e faixa verde. Sorriso maroto, o garoto.
Ver esse homem-menino olhar para mim lá de cima, na hora em que falavam dos pais, não dá pra descrever.
Não tem coisa melhor. Naquele momento, fui a mais feliz das criaturas.

Liriri sábiamente dizendo baixinho para mim:
-Mariazinha, esse lugar está cheio de boas energias. Aproveitemos.

Irmão mais velho fotografando tudo, de todos os ângulos.
Irmão mais moço filmando tudo, a pedido do formando, com sorriso no rosto.

Rita quietinha, observando.

Pai, tentando ser durão, sorriso de orelha a orelha. Emoção.

Dizem que as colações são todas iguais. Para mim, não. Para cada mãe ali presente, era única e diferente de todas.
Haja coração, que daqui a 15 dias tem mais. Mais colação, mais emoção.




Oi tum, tum, bate coração
Oi tum, coração pode bater...

18 março 2005

Mulher, 40° à sombra

Por que continuamos juntos? Costume? Ou será covardia, medo do novo? Tenho sempre aquela esperança do renascimento, da ressureição, sei lá. É verdade, que mais na sua ausência, quando então recrio sua presença, imaginando a possibilidade de uma palavra, um gesto que pode vir, que até já veio um dia. Você fala a fala do saber, sa segurança, do pode e não pode, do tem que, do dever. E eu querendo um homem que me deseje, me fale, me escute; que não seja pai, nem filho, nem senhor, nem mesmo apenas amigo. Que possa suportar o que eu sou, e mesmo o que eu deixo de ser. Será que é esperar demais? Se às vezes nem eu me aguento...
A mulher que eu sou, quer amar e se sentir amada pelo seu homem. Você acha desnecessário demonstrar, nem é preciso mais falar. Mas não entende que assim desconfirma em mim essa mulher.
Por que não me libertar e procurar quem eu desejaria encontrar? Pode nem existir... afasto a tentação de desafiar o destino. Fico na segurança de sua dureza, do seu não, da sua silenciada presença. Distanciados, um pra cada canto, estamos juntos nessa descalorada união.
De você pouco sei, no seu espaço guardado ninguém entra. Como se nem desejasse saber muito de si próprio, quanto mais dar a conhecer. Pouco pedir, pouco dar, o mínimo indispensável. Econômico no sexo, no amor, nas finanças, no tudo. O desgaste de quem não pode se gastar.
E eu querendo desentranhar o que sinto aprisionado em você, em nós.
Impossível?

17 março 2005

Como estou me sentindo...

Às vezes é melhor ficar quieto e deixar que pensem que
você é um idiota do que abrir a boca e não deixar nenhuma
dúvida.

Em boca fechada...

16 março 2005

Já está passando, por isso, falo.

Acho que não estou bem.
Acho que estou ficando doente.
Quase não durmo mais.
Acho que preciso sossegar.
Acho que preciso ficar comigo mesma.
Acho que preciso olhar pra dentro de mim.
Acho que preciso ficar só.
Estou precisando ficar quieta no meu canto, sozinha.
Ouvindo minhas músicas, lendo meus livros.
Não me atrai sair pra rua. Não me atrai ver as pessoas. Não me atrai escrever. Não me atrai brincar. Não me atraem as coisas que antes me atraiam.
Espero que seja só uma fase, e espero também que enquanto ela não passe, que as pessoas compreendam e respeitem.
De algumas espero compreensão, já de outras, não.
Tenho saudades dos dias de rir, de sonhar, de amar.
Mas paro por aí. Meu desânimo supera tudo.
Minha força pra ficar bem perto dos que amo, é sobrenatural.
Esforço-me por parecer bem ao telefone, ao vivo, ao morto.
Acho até que consigo enganar. Mas estou entregando os pontos.
Esperam muito de mim. O que posso, o que não posso dar.
Vou me demitir, vou me enfurnar, vou descomplicar.
Tudo o que não quero fazer é explicar.

Confusões em mim

Num processo (meio tardio) de auto conhecimento, fica difícil passar batido por certas coisas. Dói um pouco, e as vezes não se tem certeza do que se quer.
Cansa deixar pra lá, para viver bem. Não, não é hora de precipitações. É preciso respeitar cada um o seu tempo.
Talvez a resposta que dizem estar dentro da gente, ainda não tenha aflorado em mim. Talvez sequer exista.
Grande erro, amar demais, amor demais.
Fazer, desfazer, deitar e rolar com os filhos. Ser pai e mãe. Errado tentar ser mãe e pai.
Tudo está certo, dizia um cara famoso do bairro. Cada pessoa tem o pai e a mãe que precisa ter.
Confusa, sabendo que vai passar, como tudo na vida.
Saber enxergar as qualidades do outro, e todos os dias enumerá-las. Saber também do sofrimento causado pelos defeitos, e por não se falar sobre eles.
Saber os próprios defeitos e erros. E sem ninguém para apontá-los, divagar. Realidade ou imaginação?
Que força é esse que prende tanto? Amor?
Falta amizade, cumplicidade, carinho. Falta beijo de bom dia, falta até logo, tchau. Seu mundo é particular, sem amigos, sem parentes. Uma ilha. Vive pra casa. Vive pros filhos. Vive pra criticar. Não quero assim.
Eu quero é rir. Não chorar.

15 março 2005

Boa Noite ou bom dia?


Gosto e preciso de ti
Mas quero logo explicar
Não gosto porque preciso
Preciso sim, por gostar
(Mario Lago)

São Paulo, 40°




Ainda dá para andar em São Paulo, quando se deixa o carro no estacionamento, e se vai de metrô. Ainda dá pra andar em São Paulo, sobretudo se for uma segunda-feira de manhã, com chuva e a pé.
Ainda há coisas interessantes para comprar nessa cidade descaradamente louca.
Há todo tipo de gente nas ruas. Há todo tipo de gente nas lojas, principalmente judeus e coreanos.
O que pensei que seria uma "incursão" ao inferno, transformou-se num dia agradável e bastante proveitoso, com direito a lanche e experimentar roupas em lojas sem provador.
Tenis confortável nos pés, bolsa grande no ombro, tudo bem agarradinho ao corpo, um passeio e tanto. Um cansaço e tanto. José Paulino. A próxima será a 25 de março. E depois o mercado Municipal. (coisa de pobre, dirão alguns)
O estacionamento? Caro. O bilhete de metrô? Caro para os padrões brasileiros.
Um cafezinho no shopping Santa Cruz, a água gelada, o descanso das guerreiras.
E o calor continua. Na Jota Pê, certamente no auge do dia, no entra e sai das lojas, no carregar das bolsas, certamente vivemos a 40° à sombra.
Valeu, Marcita!

Eu tenho a força!



QUEM VOCÊ PENSA QUE É?
Flora Figueiredo

Quem você pensa que é?
sou forte,
fraca,
generosa,
egoísta,
angustiada,
perigosa,
infantil,
astuta,
aflita,
serena,
indecorosa,
inconstante,
persistente,
sensata e corajosa,
como é toda mulher,
poderia ter respondido,
mas não lhe dei essa colher.

13 março 2005

Sombra e água fresca

Os três querubins foram ao estádio, ver Palmeiras e Portuguesa.
O pai, cochila no sofá, com o rádio de pilhas do lado.
Até agora, tudo bem. Tudo certo.
Vou descansar, ler, ver um filme, tomar um banho, passar creme no cabelo, sei lá. Algo de bom vou fazer. Algo de bom vai acontecer.
Na rua, sair não dá. 31°
Quero sombra e água fresca.

Domingo Amarelo de Sol e Preguiça

Aproveito para postar aqui, uma poesia que me foi enviada pela Lenir, minha doce Lilibeth do "espelho meu" que tem muito, mas muito a ver comigo.
É depois dessa delícia da Flora Figueiredo, vou dar um fora na lucidez, e vou abrir a porta para a insensatez.

COMUNICADO
Flora Figueiredo


Só por hoje
vou rasgar os códigos.
Desacato as regras,
os preços módicos.
Só por hoje
desacredito das retas,
descarrilho do trilho,
desvio das setas.
Preciso de tempo pra sonhar,
respirar fundo e carregar na mão
o sal da vida e o mel do mundo.
Se o compromisso tocar a campanhia,
peço que aguarde na casa vizinha,
mansamente, sem fazer alarde.
Mas comunico a todos pela imprensa
que sumiu a lucidez.
Pediu licença.
É só por hoje,
mas agora é minha vez.

Insônia

Porque à noite o demônio
Em meus tímpanos toca seu rude tambor
Eu de dia eu me sento
Ponho a máscara e escrevo
As verdades que invento
As mentiras que sou


bárbara Helena

12 março 2005

Senhora do Destino

O bom dessa novela ter terminado, é não termos mais que ouvir Maria Rita na abertura.
Ela é boa, mas enjoa.
A novela não deixa saudades. Acho que nenhuma deixa.
Novelas são novelas.
Livros, sim. Alguns livros, a gente tem pena de terminar de ler.
Mas basta reler.

Aos meus amigos

O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis. (Fernando Pessoa)

Porque hoje é sábado.

Porque meus filhos estão em casa
Porque está um calor tremendo
Fiz uma salada de batatas com ovos e salsinha
Um tabule refrescante
Uma torta de frango com legumes.
Porque hoje é sábado
O dia me parece azul
Amanhã será um dia amarelo.
Domingos são amarelos,
quando são domingos felizes.
Meu domingo será feliz.
Mas hoje, hoje é sabado.

11 março 2005

Tem dia que de noite é assim, né?

MERGULHAR E CONHECER AS PROFUNDEZAS


Estrada livre. Cento e dez quilômetros por hora, velocidade limite máxima permitida. Estou no banco do passageiro. Olho o retrovisor e vejo um carro que calculo estar a cento e quarenta quilômetros por hora. Vejo-o aproximar-se. Vai nos ultrapassar pela direita. Parece que vai crescendo no espelhinho, crescendo, crescendo. Mais, mais, mais. Calculo o exato momento em que deveria abrir a porta e saltar, atirar-me do carro em movimento. Rápido demais. Eu foderia dois motoristas.

Décimo quarto andar de um prédio. Olho o movimento da rua abaixo do parapeito de grades relativamente baixas. Um frio percorre minha espinha. Pular. Sentir por alguns segundos a liberdade de voar para, logo em seguida, estatelar-me no chão. O fim.

O trem. O buraco do metrô. Seria muito rápido. Pisaria fora da linha amarela. Novamente calcularia a hora do arremesso para a morte. Quando o trem parasse totalmente, tudo estaria acabado.

Boca de fumo, boca do lixo. Chegaria e olharia de frente os marginalizados. Abriria o peito e a garganta e diria meus melhores palavrões. Aqueles que falo quando quero provocar realmente alguém. Um punhal ou vários. Um tiro ou muitos tiros. O final.

Dormir. Fechar todas as portas dos armários. Fechar todas as gavetas para prender esses fantasmas que atormentam.

Eles ficam presos nos armários e gavetas só enquanto durmo. Mas estão eternamente soltos em minha mente. Acho que nunca me deixarão em paz.

Mergulhar... e conhecer as profundezas
Mariazinha Cremasco

Caspita! Sou louca, e daí?

“Sem a loucura
o que é o homem
senão besta sadia
cadáver adiado que procria?”

Fernando Pessoa

10 março 2005

Vamos acordar?

Quem olha para fora, sonha.
Quem olha para dentro, desperta."
Carl Young

Ah, hoje é um daqueles dias em que 24 horas são poucas pra tudo que tenho a fazer.
Respira, Marieta. Respira.
Uma coisa de cada vez.
A irmã Irma, do Colégio Regina mundi (ah, como eu gostava dela) costumava dizer:
-Não apresse o Rio, ele corre sozinho.
Sábias palavras, irmã. Aliás, que lembrança boa tenho dessa mulher forte, da congregação das "Imãzinhas da Imaculada Conceição", que apesar de tudo, (quero dizer, apesar de ser freira) era uma mulher moderna, de idéias brilhantes, sempre adiante do tempo. Ela me ajudou muito, com sua inteligência bondade. Sempre tinha tempo para mim. Mulherão. Sabe de uma coisa? Vou procurá-la. Tenho necessidade de dizer a ela, o quanto ela foi importante na minha vida, e indiretamente na vida do meu filho Felipe.

09 março 2005

Uma alegria

Mas no meio disso tudo, sempre tem coisa boa, né?
Acabei de saber de uma.
Já melhorou meu dia.
:o))

Pour "le petit"

Tenho tanta coisa pra contar, mas estou tão sem tempo...
Médico, oculista, endoscopias, preocupações, e eu arrumando energia.

Mas para vocês, um bom dia!

As meninas
Cecília Meirelles.


Arabela abria a janela
Carolina erguia a cortina
E Maria olhava e sorria: "Bom dia!"

Arabela foi sempre a mais bela
Carolina, a mais sábia menina
E Maria apenas sorria: "Bom dia!"

Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela
uma que se chamava Arabela
outra que se chamou Carolina

Mas nossa profunda saudade
É Maria, Maria, Maria
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"


08 março 2005

Dia internacional da mulher...

Grande coisa! Por mim... entendam como quiserem.
QUE MENEFREGA!

Gabriel García Marqués

"Nenhuma pessoa merece tuas lágrimas, e quem as merece, não te fará chorar."

Meus filhos, minhas alegrias e dores.

Dia 31 de março é a colação de grau do meu filho caçula, e dia 19 de março é a colação do meu filho do meio.

Ontem, procurando fotos de quando eles eram bebês, pra escolher uma bem fofa de cada um. Difícil, eles eram tão lindos...

As fotos são pra botar no telão (tem disso, né?).

Fiquei passada e parada no tempo.

Que saudades senti.

E fui mexendo, virando, olhando, sentindo.

Quando, de repente, encontro uma caixinha. Uma caixinha bem guardadinha, que nunca vi, desde que meu primeiro filho morreu. Quer dizer... nesses anos todos, vi apenas uma vez. Meu marido guarda muito bem. Não olha e não quer que eu olhe.

Pois bem: Encontrei a caixinha de fotos do meu primeiro filho, que se foi.

Não sei dizer o que senti. Ali, guardadas, as fotos, a lembrancinha do nascimento, a lembrancinha do batizado.

Realmente não sei o que senti.

Foi uma confusão de coisas. Dor, perda, amor, impotência (gratidão, até). O que ele seria hoje, meu Deus?



Não sei, mas sei que devo reverenciar tudo o que tenho hoje, principalmente a saúde, inteligência e integridade dos meus três filhos, que comigo ficaram.



Deveria haver uma lei, em que NUNCA, em hipótese alguma, os filhos se fossem antes dos pais.



Não, não estou triste.

Estou apenas pensando, refletindo. Tenho um nó na garganta, mas não é tristeza. É um pensar constante, nessas três pessoas que impulsionam a viver: Bruno, Felipe e Caio.

Há coisas que jamais compreenderemos.



Abaixo, um texto que escrevi há algum tempo.

Foi a primeira vez que escrevi algo sobre Caio, meu primogênito.





À SOMBRA DO MUNDO ERRADO
Mariazinha Cremasco

"Eras na vida a pomba predileta
Que sobre um mar de angústias conduzia
O ramo da esperança.
Eras a estrela
Que entre as névoas do inverno cintilava
Apontando o caminho ao pegureiro.
Eras a messe de um dourado estio.
Eras o idílio de um amor sublime."
Fagundes Varela - Cântico do Calvário

Nasceu do amor. Nasceu lindo, aparentemente saudável. Quatro quilos e quarenta gramas, cinqüenta e um centímetros. Olhos azuis, cabeça lisa com penugens douradas. Mãe morena. Pai claríssimo. O avô paterno tinha olhos azuis, o materno também. Puxou a eles na cor dos olhos. Puxou ao pai na brancura da pele, puxou à mãe na carinha redonda. Lindo menino.

Trouxe a luz, alegria, esperança, amor, vontade de viver, trouxe sonhos.

Os sonhos duraram pouco tempo. Adoeceu aos quatro meses, morreu antes de completar um ano.

Como seria se fosse vivo hoje, vinte e quatro anos depois? Alto? Certamente sim. Loirinho? Provavelmente os cabelos escureceriam um pouquinho, como os cabelos dos irmãos que nasceram depois. Bom caráter? Bom filho? Bom homem? Estaria estudando ou já estaria formado? Gostaria de ler, escrever, pintar? Qual seria sua profissão? Que tipo de música gostaria de ouvir?

Entre tantas suposições, apenas uma certeza. Onde está nesse momento, não corre riscos. Está seguro. Dentro dessa certeza, outra dúvida. Existe esse lugar? Não sei, não saberei. Se eu pudesse ter certeza de que há um lugar em que ele esteja bem e que possa olhar por nós, eu pediria "meu filho, cuide de seus irmãos, que estão 'nesse' mundo".